Temer diz que gravação foi manipulada e que delatores 'quebraram o Brasil e ficaram ricos'
Defesa do Presidente

Em seu segundo discurso após o jornal O Globo revelar delação de Joesley, na qual o empresário disse que o presidente deu aval para a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, Temer citou perícias que identificaram edições no áudio de seu diálogo com o delator.
"Ouço mencionar que houve mais de 50 edições nesse áudio, que tenta invalidar o nosso país."
Joesley gravou uma conversa que teve com Temer em março. No áudio, divulgado pelo STF na quinta-feira, eles mencionam uma pessoa chamada Eduardo, que seria o ex-deputado Eduardo Cunha.
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Na conversa, Joesley fala de sua relação com "Eduardo". O empresário diz que "está de bem com Eduardo".
Ao que Temer responde "tem que manter isso, viu?"
"Incluída no inquérito sem a devida averiguação levou muitas pessoas ao engano induzido e trouxe grave crise ao Brasil", afirmou o presidente.
Mesmo que tenha sido modificado, ressaltou o peemedebista, no diálogo não haveria concordância com a compra de silêncio de Cunha.
"A conexão de uma sentença à outra não é a conexão de quem diz 'estou comprando o silêncio de um deputado'", disse sobre as palavras de Joesley.
Temer citou ainda os ganhos da JBS no mercado de câmbio, após a empresa comprar uma grande quantidade de dólares antes de a delação ser revelada. Com a grave crise política que se instarou no país, o real caiu e o dólar se valorizou.
"Graças a essa gravação fraudulenta e manipulada, especulou contra a moeda nacional. A notícia foi vazada seguramente por gente ligada ao grupo empresarial que antes de entregar a gravação comprou um bilhão de dólares", disse sobre Joesley Barista e outros executivos da JBS.
"Quebraram o Brasil e ficaram ricos", continuou.
Após a delação ser divulgada pelo jornal, o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, autorizou abertura de inquérito para investigar Temer.
Em seu pronunciamento, o presidente informou que entrou com uma petição no Supremo para suspender a investigação "até que seja verificada a autenticidade da gravação".
Antes de terminar sua fala, ele descartou a hipótese de renunciar ao cargo: "continuarei à frente do governo".
**Perícia**
Na noite deste sábado, Fachin determinou que a gravação do diálogo entre Temer e Batista seja periciada pelo Instituto Nacional de Criminalística, da Polícia Federal, assim como os áudios de conversas envolvendo o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR).
A decisão atende pedido da defesa de Temer após perícias encomendadas por jornais brasileiros indicarem que o áudio gravado teria sofrido cortes.
"Determino a entrega dos autos à autoridade policial, a fim de que o Instituto Nacional de Criminalística (INC) realize, no menor prazo possível, perícia técnica nas mídias contendo as gravações feitas pelo colaborador Joesley Mendonça Batista", diz a decisão.
O ministro, porém, não determinou a suspensão do inquérito.
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