Prefeitura "abandona" carnaval de rua às vésperas da folia, e dirigentes devem amargar prejuízo
Município iria arcar com estrutura do evento, que agora pode cair na conta dos dirigentes dos blocos

Saiu de compasso a relação entre a prefeitura e os responsáveis pelo carnaval de rua de Cabo Frio. Na contagem regressiva para a folia, os responsáveis pelos blocos temem amargar grande prejuízo, já que o município pode deixar de arcar com a estrutura do evento, descumprindo o que havia sido combinado.
Uma licitação na modalidade registro de preços para contratação de estrutura para eventos realizados no município, entre eles o carnaval de rua, foi adiada pela Secretaria de Gestão Institucional. O certame seria para prestação de serviços de locação, montagem, desmontagem e operação de sistemas de som amplificado, iluminação, efeitos especiais, geradores, palcos, cercamentos, banheiros químicos e tendas. Devido a seu valor global, de R$ 14 milhões, considerado alto por profissionais que trabalham no segmento, o edital causou polêmica na cidade. Ele teria sido, além disso, contestado por empresários do ramo.
O clima começou a azedar na última quinta-feira (13), quando uma reunião de emergência foi convocada para o gabinete do prefeito, Adriano Moreno (DEM). Além de Adriano, participaram do encontro o ex-superintendente de Eventos, Clóvis Barbosa, o secretário de Turismo, Paulo Cotias, e os assessores Sergio Ribamar e Antônio Carlos Vieira, o Cati. Na ocasião, chegou a ser sugerido que o carnaval fosse cancelado. A temperatura esquentou, e nenhuma solução foi dada. Nos dias seguintes de articulações, governistas fizeram uma proposta que ainda desce quadrada pela garganta dos organizadores da festa: que a estrutura fosse totalmente custeada pelos próprios blocos.
Seguiu-se às conversas intrincadas a notícia de cancelamento da licitação da estrutura de eventos. E aí os dirigentes da folia perderam a paciência: exigiram que a prefeitura resolvessem o que, argumentaram, deveria ter sido acertado há meses. Para viablizar sozinhos a estrutura do evento, calcula-se que quatro grandes blocos teriam de desembolsar R$ 15 mil, totalizando R$ 60 mil, já que os blocos menores não têm capacidade financeira para arcar com custos. Resumo da ópera, ou melhor, do samba: que vai ter festa do momo é certo; só não se sabe se a prefeitura vai conseguir cumprir com o combinado.
Procurado pela Folha, o presidente da Associação de Blocos e Atividades Carnavalescas de Cabo Frio (Abaccaf), Joir Reis, garantiu que a Festa do Momo sai com ou sem apoio da prefeitura. Ele afirmou que não se surpreendeu com o fato.
– Estamos com o carnaval de rua pronto. Estamos fazendo nossas obrigações, cumprindo com nosso dever de casa. O que vier da Prefeitura é lucro. Quando se trata de poder público, há muito tempo não me pega de surpresa. Fui surpreendido em 2017 [ano em que os blocos não desfilaram]. Ficou como lição. A partir daí, tomo minhas precauções – disse.
A reportagem da Folha entrou em contato com o secretário de Turismo, Paulo Cotias, com o atual superintendente de Eventos, Weverton Andrade, e com a assessoria de Comunicação, e aguarda um retorno. O espaço está aberto para os devidos posicionamentos.
Fonte: Folha dos Lagos

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