Mato Grosso do Sul tem 526 novos "nomes sujos" por dia este ano
Estado chega a 1,2 milhão de inadimplentes e a mais de 5 milhões de dívidas em aberto até julho

Mato Grosso do Sul vive um cenário de endividamento crescente nos primeiros sete meses deste ano, 72.069 consumidores foram incluídos na lista de inadimplentes no Estado, conforme dados da Serasa, o que representa, em média, 526 novos nomes sujos por dia útil, considerando os 137 dias úteis entre janeiro e julho. O dado reforça um movimento de alta contínua, que vem acompanhando a tendência nacional e pressiona a economia local.
Ainda de acordo com a Serasa, o número de sul-mato-grossenses que convivem com dívidas em atraso chega a 1,2 milhão, somando mais de 5 milhões de débitos em aberto. Entre os principais “vilões” estão cartões de crédito, empréstimos, contas básicas e compras no varejo, compondo um cenário que mistura dificuldade de planejamento financeiro, juros elevados e impacto do custo de vida.
A capital Campo Grande concentra o maior volume de inadimplentes, são 466.397 consumidores com pendências financeiras, que juntos acumulam 2.325.436 dívidas. O valor total chega a R$ 3,81 bilhões, com um ticket médio de R$ 8.189,95 por inadimplente.
Em seguida, Dourados aparece com 101.565 nomes negativados, somando R$ 736,9 milhões. Três Lagoas e Bonito também registram números expressivos, com dívida média por consumidor de R$ 6,8 mil e R$ 6,3 mil, respectivamente.
Os dados expõem que o peso das dívidas compromete a capacidade de consumo das famílias, reduz o giro do comércio e encarece o crédito, já que a inadimplência é um dos principais indicadores usados pelos bancos para precificar risco.
“Com 1,2 milhão de sul-mato-grossenses em situação de inadimplência, o Estado acumula mais de 5 milhões de débitos em aberto”, reforça Aline Maciel, diretora da Serasa.
Segundo o economista Eduardo Matos, o sistema financeiro brasileiro é bastante democrático, o que não é necessariamente ruim, mas pode ser prejudicial por causa da falta de educação financeira.
“Um acesso mais facilitado a instrumentos de crédito de alto risco, como os cartões de crédito e limite do cheque especial, se tornam armas na mão do cidadão brasileiro. Porque a partir do momento em que ele tem a sua disposição esse tipo de crédito, ele o usará e, em muitos casos, usará até mesmo sem pensar ou interpretá-lo como uma extensão de sua renda, o que não é verdade”, considera Matos.
O mestre em Economia Eugênio Pavão ressalta que, entre os que ganham um salário mínimo, o inadimplemento é ainda maior.
“Os salários não dão conta dos pagamentos das necessidades básicas, mesmo com o aperto monetário, o salário mínimo não contempla as necessidades básicas”, conclui.
RENEGOCIAÇÃO
A pressão sobre a economia doméstica tem levado mais pessoas a buscar renegociação. Somente entre janeiro e julho, o número de acordos de dívidas fechados com descontos máximos de 99% aumentou 7,94% no Brasil e 9% em Mato Grosso do Sul, chegando a 7 mil negociações no Estado.
“Este é um momento único para quem deseja quitar dívidas, com descontos que costumam ser vistos apenas em edições do tradicional Feirão Limpa Nome”, afirmou Aline, e completou.
“O objetivo de mutirões e campanhas é não apenas garantir descontos expressivos, mas orientar o consumidor sobre como negociar e, principalmente, evitar que novas dívidas comprometam o orçamento no futuro”.
O movimento também mostra mudanças de comportamento, principalmente entre os mais jovens. A Geração Z, composta por pessoas de 18 a 25 anos, é o público que mais cresce nas negociações de dívidas.
Houve alta de 49% na quantidade de jovens que renegociaram débitos no País em comparação ao ano anterior. Em Mato Grosso do Sul, 26,5 mil jovens desta faixa etária negociaram suas dívidas na Serasa Limpa Nome entre janeiro e julho, um crescimento de 48% na comparação com 2024.
Segundo Patrícia Camillo, gerente da Serasa, o movimento demonstra maior conscientização financeira.
“O aumento da participação dos jovens mostra que a educação financeira e o acesso facilitado à negociação têm feito diferença para uma geração que ainda está aprendendo a lidar com as finanças”, avalia. “Aproveitar os descontos agora pode evitar que as dívidas se transformem em um problema maior no futuro”.
O quadro estadual, no entanto, é apenas um recorte de uma crise que se espalha pelo Brasil. O país encerrou julho com 78,16 milhões de pessoas inadimplentes, recorde histórico. São 307 milhões de dívidas em atraso, somando R$ 482 bilhões – um valor médio de R$ 1.570,17 por débito. Bancos e cartões de crédito lideram a origem dos débitos, com 27,2% do total, seguidos de contas básicas (20,6%) e financeiras (19,47%).
A Serasa, por exemplo, anunciou um mutirão emergencial este mês, reunindo 1,6 mil empresas parceiras e mais de 10 milhões de dívidas que poderão ser quitadas com até 99% de desconto. Somente em Mato Grosso do Sul, 39 mil pessoas poderão negociar 178 mil débitos nessas condições.
Especialistas lembram que renegociar é apenas parte da solução. Sem planejamento financeiro, a tendência é que o endividamento volte.
“É fundamental que o consumidor aproveite o desconto para encerrar o passivo, mas mude hábitos de consumo, priorize despesas essenciais e evite contrair novas dívidas de alto custo”, orienta Patrícia.
Fonte: Correio do Estado

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