Extração do gás de xisto em Três Lagoas foi debatido em audiência pública

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Extração do gás de xisto em Três Lagoas foi debatido em audiência pública
Por iniciativa do vereador professor Flodoaldo, a Câmara Municipal de Três Lagoas (MS) realizou uma audiência pública com o tema "Os impactos da exploração do gás de xisto em Três Lagoas", na última terça-feira (5). O objetivo era trazer a questão ao conhecimento público e buscar engajamento social para impedir que o governo federal implante campos de extração na região da bacia do rio Paraná. Além de pesquisas que identificaram reservas deste combustível na região de Três Lagoas, já existe autorização da Agência Nacional de Petróleo (ANP) para realização de leilão para que empresas interessadas comprem os campos para fazer a exploração deste tipo de gás natural em Três Lagoas, que é utilizado para produção de energia elétrica, em termelétricas. A principal definição da audiência foi a importância de se aprovar, com urgência, uma lei municipal que proíba a exploração do gás de xisto, presente em rochas subterrâneas e que é extraído pelo método de fracking, fraturamento das rochas por meio de injeção de grandes volumes de água com centenas de produtos químicos, em alta pressão para que o gás seja deslocado até o local de prospecção. O vereador professor Flodoaldo Moreno informou que já apresentou projeto de lei prevendo a proibição, o qual está em tramitação na Câmara, desde a semana passada, aguardando voltar ao plenário para votação. A grande questão, levantada pelos presentes, é que o fraturamento hidráulico (fracking) é a única tecnologia mundialmente usada para a extração. Os impactos do método são: contaminação do solo, lençóis freáticos e aquíferos pelos produtos químicos necessários, desprendimento de gás para locais inadequados, principalmente corpos de água que se tornam tóxicos e inflamáveis, redução da saúde populacional e até possível aumento no índice de mortalidade infantil, queda na qualidade de produtos agropecuários produzidos no entorno e até mesmo, um dos mais assustadores, riscos de provocar abalos sísmicos, ou seja, terremotos de várias escalas, como acontece em Oklahoma, nos Estados Unidos, onde são registrados mais de três mil tremores, anualmente. Autor de projeto de lei semelhante, no âmbito do Mato Grosso do Sul, o deputado estadual Amarildo Cruz ressaltou que é urgente que todos os municípios com reserva desse gás se previnam, sobretudo diante dos graves e irreversíveis danos que podem causar. "Se não temos opinião para formar juízo de valor e endossar, se não temos segurança, tem que haver precaução. Na dúvida, não temos direito de colocar o patrimônio do solo e da água em risco", afirmou. Ele criticou a ausência da ANP na audiência, mesmo convidada pela organização, porque considera obrigação da empresa prestar esclarecimentos sobre os prós e contras em cada município. Ele se disse surpreso com a falta de conhecimento e informações públicas, inclusive entre as autoridades. Segundo Cruz, a ANP deveria estar presente e há tempo deveria estar informando e convencendo a população sobre a segurança e importância econômica desta atividade. "A ANP está tratando o assunto com descaso". O deputado ainda ponderou que MS conta com um gasoduto, com gás natural produzido com mais segurança e a menor valor. "Temos condições de apostar em outras fontes de energia limpa, como eólica e solar. Já somos impactados com as usinas hidrelétricas", frisou.

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