Edifício da Santa Casa oferece risco há seis anos

Multa irrisória, de apenas R$ 5,9 mil, foi aplicada há 17 meses, mas irregularidade continua sem solução

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Edifício da Santa Casa  oferece risco há seis anos

Mesmo com as reformas e ampliações, principalmente no setor privado e administrativo, a Santa Casa de Campo Grande está há seis anos sem alvará do Corpo de Bombeiros. A única estrutura dentro do complexo hospitalar que tem liberação dos militares é a Unidade do Trauma, inaugurada em março de 2018. 

Conforme noticiado pelo Correio do Estado em junho de 2018, o Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPE-MS) instaurou em novembro de 2017 um inquérito para investigar a situação irregular do maior hospital do Estado. As irregularidades da unidade são alertadas pelo Corpo de Bombeiros desde 2013, quando foi apontada necessidade de implantação de medidas de segurança e sistema preventivo de combate a incêndio, pânico e outros riscos, além do certificado de vistoria da corporação para o funcionamento do local. 

Em setembro de 2017 a Associação Beneficente de Campo Grande (ABCG), que administra a Santa Casa,  foi punida, o Corpo de Bombeiros emitiu auto de infração inclusive com o pagamento de 250 Uferms (Unidade Fiscal Estadual de Referência de Mato Grosso do Sul), que na época tinha valor estabelecido em R$ 23,93 - ou seja, total de R$ 5.982,50.

A investigação do MPE e a multa aplicada não foram suficientes para o hospital se adequar às normas de segurança. 

A reportagem do Correio do Estado esteve ontem no hospital e constatou que as portas corta-fogos que ficam na entrada de cada andar, com acesso pela escada, estão totalmente abertas. Além disso, do térreo até o 5º andar, todas têm algum defeito na maçaneta. Mesmo que os funcionários quisessem manter as portas fechadas, não seria possível. 

A porta corta-fogo tem de ser mantida fechada ou perde sua eficiência. Conforme o Corpo de Bombeiros, essas portas não são feitas para aguentar o manuseio diário. Elas devem ser usadas como rotas de fuga em casos de emergência. Com o uso contínuo, como é o caso da Santa Casa, as portas acabam quebrando.

De acordo com informações da corporação,  o quartel do 6º Grupamento do Bombeiro Militar, que fica no Parque dos Poderes, é responsável pela Santa Casa. Os militares informaram que o hospital já encaminhou o pedido de análise. 

“A Santa Casa está com o projeto sob análise do Corpo de Bombeiros Militar do Estado. Após realizada a análise, será feita uma vistoria para comparar se as informações do projeto estão adequadas com as normas do Corpo de Bombeiros e só então será emitido o certificado, que será válido por um ano, ou seja, até a presente data a Santa Casa está sem certificado do Corpo de Bombeiros Militar”, informa a nota.

GASTOS

Enquanto não é feito o projeto de análise do Corpo de Bombeiros, ou seja, sem alvará válido para funcionamento do hospital, a ABCG está investindo quase R$ 2 milhões para construir um novo prédio para o setor administrativo da unidade, atualmente instalado em uma ala da entrada principal da Santa Casa. O novo prédio é erguido na entrada do pronto-socorro, na Rua Rui Barbosa. 

Mas o que chamou atenção da equipe do Correio do Estado durante a visita ao anexo foi a diferença na estrutura para os pacientes do pronto atendimento privado (ProntoMed) e os do pronto-socorro voltado ao atendimento por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). 

O quinto e o quarto andar foram totalmente reformados e receberam elogios dos pacientes. No local, do piso ao teto, tudo é novo. As portas são de vidro nas passagens e as dos apartamentos são novas. Nos corredores, poltronas almofadadas estão à disposição.

Um cenário bem diferente veem os pacientes que estão no primeiro e segundo andar. No corredor, há bancos de madeira sem conforto para os atendidos e acompanhantes. Os pisos nesses andares estão bastante danificados, as paredes são sujas e as portas são antigas, de madeira. Para quem visita os locais, a impressão é de que são dois hospitais diferentes.

Fonte: Correio do Estado

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