Com ameaça de transferência de Marcola, divisa MS/SP vive tensão
Plano de resgate e ataques estabelecem PM paulista na região

Com menos de 6 mil habitantes, ruas pacatas e cenário típico de uma pequena cidade do interior, Caiuá vive uma mudança de rotina há cerca de um mês, desde a posse de João Dória (PSDB) como governador de São Paulo. Helicópteros, homens fortes e altos de camisa social, carros insulfilmados de poucos sorrisos e semblantes sempre invocados.
Não é para menos: são policiais da Rota, espécie de tropa de elite da PM de São Paulo. Carregam armaneto pesado, entre ees fuzil de calibre ponto 30, capaz de derrubar aeronaves, metralhadoras de alta capacidade e fazem patrulhas dividos em equipes de dois turnos de 12 horas. Com ordem de identificar moradores, visitantes e outros elementos.
Não, a pequena Caiuá não apresentou crescimento de criminalidade excepcional. Pelo contrário, teve apenas quatro assassinatos registrados nos últimos dez anos.
O interesse da cúpula da Segurança Pública paulista no município é outro: às margens do Rio Paraná, é rota de passagem da BR-267, faz divisa com Presidente Epitácio, o Mato Grosso do Sul e entrou em rota de alerta após Dória anunciar os planos de enfim transferir Marcos Willians Herbas Camacho, 51 anos, do Presídio de Segurança Máxima Estadual de Presidente Venceslau para uma unidade federal com o mesmo status.
Camacho, mais conhecido como Marcola, é o principal líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa que controla o tráfico de drogas e armas nas fronteiras de Paraguai e Bolívia. E é dos vizinhos sul-americanos, por meio de Mato Grosso do Sul, que as autoridades paulistas temem que venha a esperada reação da quadrilha caso a atual gestão daquele estado cumpra os planos de transferência.
NORDESTE
Oficialmente, a gestão Dória diz que ainda avalia se concluirá ou não a promessa feita em campanha de transferir Marcola.
Mas, nos bastidores, o governador paulista já teve duas reuniões com o ministro da Justiça, Sérgio Moro, sobre o assunto. "Essa è uma decisão (transferência que oprotunamente vamos praticar, mas todas as nossas ações estão sendo feitas em conjunto com o Governo Federal", disse Dória, a jornalistas da região de Presidente Prudente, em visita à cidade, na última semana.
Dória estava acompanhado dos novos secretários de São Paulo da Segurança Pùblica, general do Exército João Camilo Pires de Campos, e da Administraão Pùblica, o coronel aposentado da PM, Nivaldo Restivo. Junto deles, o comandante da Rota, tenete-coronel Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo. Exceto o governador, todos permaneceram ou mantiveram seus braços-direitos até a última terça-feira (29) na cidade. A presença de tanta gente do primeiro quadro da força pública a poucos quilômetros de Mato Grosso do Sul é inédita.
Campos, primeiro membro das Forças Armadas a chefiar a principal secretariua estadual de Segurança Pública do País desde os anos 1970, vem mantendo elo estreito não só com Moro, seu gabinete e as cúpulas da Polícia Federal e do próprio Exército. "A expectativa é que o caso de Marcola seja federalizado até março", disse uma fonte da Rota ao Correio do Estado. Na avaliação da tropa de elite, a transferência de Marcola só não foi consumado com todas as pompas por Dória e o presidente Jair Bolsonaro (PSL) por motivos alheios, como a onda de violência em Fortaleza (CE), as acusações contra o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL) e a tragédia de Brumadinho (MG).
"Por isso não ocorreram ações das forças federais em São Paulo ou nos estados vizinhos, como o Mato Grosso do Sul. Aconteceram coisas que exigiram a atenção imediata do Governo Federal, que pela primeira vez atuará na Segurança Pública paulista desde a Ditadura Militar", avaliou o promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) de São Paulo, que atua em Presidente Prudente e participou de mais de cinco reuniões desde as posses de Bolsonaro e Dória para tratar da transferência de Marcola.
Sem tecer opiniões particulares sobre a medida, Gakiya avalia que Moro e seu estafe tem outras dúvidas: onde abrigar Marcola? Duas são as opções: Porto Velho (RO) ou Mossoró (RN). "Qualquer outra, de imediato, incoluindo Campo Grande, pela proximidade com o Paraguai, é atrair um risco desnecessário", disse.
Policiais fortemente armados passaram a fazer parte da rotina de Presidente Venceslau (Amanda Bueno/Portal Bueno)
A promessa e empolgação de Dória parte da premissa de que não houveram reações por parte da facção entre o final do ano passado e este mês depois que o juiz Paulo Eduardo Sorci, da 5ª Vara das Execuções Criminais, autorizou a transferência de cinco líderes do PCC acusados de integrar a cúpula da organização criminosa e emitir ordens para execução de crimes de dentro de presídios de segurança máxima de São Paulo. O pedido foi feito pelo Ministério Público do Estado de São Paulo, sob o argumento que é preciso isolar o grupo para que eles deixem de emitir ordens ao restante da quadrilha.
Os presos atuam como "sintonia de estados e países" da organização criminosa. Entre eles estão Almir Rodrigues Ferreira (Nenê da Simioni), que teria dado ordens para ataques a prédios públicos e ônibus em Santa Catarina, Rio Grande do Norte e Minas Gerais; e Claudio Barbará da Silva (Barbará), apontado como responsável por ordens de tráfico de drogas e compra de armas e munições para os estados de Roraima e Ceará. Os demais são Cristiano Dias Gangi, Jose de Arimatéia Pereira de Carvalho e Reginaldo do Nascimento.
Também devem ser transferidos outros dois membros da quadrilha: Rogério Araújo Paschini e Célio Marcelo da Silva, o Bin Laden, acusado pelo sequestro da mãe do jogador Robinho.
Todos estavam na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau e foram transferidos para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) em junho passado, depois da Operação Echelon, que expediu 63 mandados de prisão e 55 mandados de busca e apreensão. O grupo teria assumido o comando da quadrilha após outros 14 detentos, incluindo Marcola, terem sido colocados em isolamento na penitenciária de Presidente Bernardes, em 2017.
Fonte: Correio do Estado

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